Vazio

Nunca achei que seria tão difícil dizer adeus e muito menos escrever esse texto.

 

Outro dia, ouvi os cachorros vizinhos latindo e levantei a cabeça – igual você fazia – esperando a resposta do único latido que eu conhecia de cór.

Notei que, pela primeira vez, as laterais das camas não têm seus rastros de coceira e no tapete, falta o quentinho no lugar onde você deitava. As barreiras que protegem as plantas do meu pai completaram 2 semanas intactas. Um recorde em 12 anos. E é engraçado pensar que colocaram um vaso na sacada, bem no seu canto preferido de ver meu pai no jardim.
Sinto falta de te encher o saco e de acordar com sua cara apoiada na cama.

Às vezes, amigão,
Às vezes, eu esqueço…

E acho que vou te encontrar nos cantos da casa, embaixo dos carros ou na porta do meu quarto. Você foi mudando os lugares, mas sempre esteve por perto e agora, meu assobio e até o barulho da coleira ecoam sozinhos.

É estranho chegar em casa sem te encontrar, não sair do rolê para te dar comida – você sempre soube o quanto me salvou de roles errados – e nem passear a noite. Confesso que, outra noite, dei uma volta no quarteirão só pra matar a saudade. Eu também mantenho seu hábito de tomar sol todos os dias, mas até os raios estão um pouco mais frios sem sua companhia.

Meus amigos e até aquela veterinária bacana disseram coisas boas sobre a gente e sobre meu amor por você. Acho que eles sabem o quanto sinto sua falta e o quanto sou agradecido por ter você. Mesmo assim, uma parte de mim sempre estará sozinha em tempos difíceis.

É, amigão…
Minhas aventuras e o Natal deste ano serão diferentes, mas prometo não te esquecer e (voltar a) ser o dono que sempre esteve ao seu lado. Até no fim.

Muito obrigado.