A escuridão que cobre a cidade
e silencia as moradias
traz a energia
enquanto
automaticamente
instintivamente
contingentes de palavras me atravessam.
Pois para expressar pensamentos
que não podem ser guardados
preciso do encaixe perfeito,
feito,
não por palavras enfeitadas,
mas sim,
por aquelas que não dizem mais nada
além da simplicidade da verdade,
da minha essência.
E quando me perco de mim,
são elas que me trazem de volta à minha real existência.
A saudade de sempre
vaga pelo peito.
Muita gente
vaga pelo peito,
Ouço vozes
com os mais variados tons e pontuações,
esbarro nas preocupações
que gritam urgência de realizações.
Passo por angústias
pensamentos soltos e os discorridos,
penso nas influências,
que a arte da convivência cria.
Que parte de mim vive nas pessoas?
E que parte delas vive em mim?
Lembro de instantes
em que me vi diante
da vida escondida nas coisas
e percebi o quanto sou insignificante
em relação a ela,
que me trouxe beleza e paz.
O que me fez sentí-la ainda mais.
Acabo misturado com as ruas
às vezes falante, às vezes calado
mas independente dos estados
olho pro céu e brindo
ao agora,
e aos reais aliados.
Em meio a esse ritual
cruzo mil histórias
riscos de memórias,
vendo gente tentado se encontrar
e outros querendo escapar de algum lugar.
Para alguns
esse ar é novidade
enquanto outros atravessam semanas por aqui
há também quem não tem pra onde ir,
os que já vem com a obrigação de partir
e os que nem olham a hora.
Milhões de personagens
milhões de trilhas sonoras
num lugar,
onde os olhares, as razões e os sentimentos
se misturam a cada momento.
ao fim dessas horas
que o relógio insiste em contar
o bom,
o incerto e o ruim
se unem
em inspirações
que ligam todas as noites
num ciclo sem fim.